31.8.04

Razões para amar sem porque*

Para ler escutando La valse d'Amélie (trilha do filme O fabuloso destino de Amélie Poulian)

Há algumas razões para amar sem porquê. Mas não posso dizer com certeza quais são elas. Sabê-las com exatidão, como quem resolve uma multiplicação, tornariam todas as coisas estupidamente tangíveis (o que acabaria com o emprego dos poetas e dos vendedores de algodão doce).

No entanto, posso me atrever a citar ao léu, despretensiosamente, como quem rabisca palavras ao vento, algumas razões nada definitivas para amar sem porque:
Permitir passivamente que o sol invada as esquinas do seu corpo;
Escutar no vento poemas nunca escritos;
Dedilhar melodias circulares no violão;
Dedilhar melodias circulares no peito;
Dedilhar;
Sonhar um vôo macio e lento pela noite ;
Saltitar quadrados desenhados nas calçadas;
Receber uma carta e esperar até o último segundo para abri-la;
Escutar no escuro a lenta respiração da outra pessoa;
Ver nas nuvens uma onda do mar;
Ver no mar as nuvens do céu;
Equilibrar pelas manhãs um sorriso besta em frente ao espelho do banheiro;
Perder-se no meio da leitura e surpreender-se imaginando sua própria história;
Chutar uma tampinha até a outra esquina;
Afundar a cabeça no travesseiro até não suportar o calor;
Contar estrelas até perder a conta do que é estrela e do que é você...

(Escreva você mesmo suas razões para amar sem porque...)

* Alisson Vila

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